segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

AVALIAÇÃO: INSTRUMENTO DE STREES OU DE APRENDIZAGEM?

Por Marcio Gil de Almeida

Recentemente estive pensando sobre este tema aqui proposto. Já que sou professor e filho da professora Iracema Gil. E realmente, sou pastor e professor. Tenho formação em Teologia e estou cursando Pedagogia. A minha experiência na docência é maior como professor na área teológica. Tenho experiência em lecionar o Grego koinê, o Hebraico massorético, Teologia Sistemática, Teologia Contemporânea, Hermenêutica, Homilética. Introdução ao Novo Testamento, Introdução ao Velho Testamento, Exegese de Levítico, Exegese de Apocalipse etc. Na área secular tenho experiência como professor substituto em Ciência, Língua Portuguesa, História, Sociologia e Ensino Religioso. E é devida esta experiência com a preocupação sobre a visão ou a leitura que temos sobre a questão da avaliação que resolvi debater a questão. Não tenho pretensão de gerar um texto com altos embasamentos teóricos e nem de ser a voz da sabedoria. Tudo que desejo é refletir sobre o assunto.

Ao cumprir a função, como professor, sempre tive a visão necessária de ir além das minhas atribuições de transmissor do conhecimento. Para alcançar êxito nesta sua função é necessário alcançar o coração do aluno. O educador, especificamente, o professor, é também um líder em sala de aula. O professor é um líder e os alunos só irão encontrar o conhecimento, a boa compreensão e serem socializados, se os mesmos forem bem liderados. Não posso deixar de considerar que a eficiência em liderar é complicada e depende de vários fatores. Não existe em sala de aula processo ensino-aprendizagem unilateral. Professor ensina e o aluno aprende. É claro que professor aprende algo do aluno, mas em menor grau do que o aluno em relação ao professor. Liderar o aluno é guiá-lo na aprendizagem.



O aluno quando avaliado fica stressado. Aqui me refiro às famosas e temidas provas. O indivíduo estuda à noite, trabalha durante o dia, não teve uma boa base no ensino fundamental, tem pouco tempo pra estudar, sabe que está em desvantagem em relação a muitos colegas e teme a provável reprovação. Uma prova acaba servindo de stress, um verdadeiro terror.



Há alguns professores que se gabam em mostrar a incompetência do aluno, demonstrar o seu fracasso e provar que estava certo acerca do aluno. Então ele não acredita mais no aluno e não ousa sonhar o sucesso do mesmo. Diante disto, é fato consumado: o aluno é um fracassado. A prova é uma maneira de demonstrar isto. Aplicar prova, simplesmente por aplicar, dizendo que é uma avaliação necessária, torna oficial o contra-senso no ensino-aprendizagem.



Só entendo a utilidade da prova se for um instrumento do ensino-aprendizagem. Aprender é o que interessa. O alvo não é a busca por boas notas para os alunos. O verdadeiro alvo é a aprendizagem. A conseqüência desejada são as boas notas. Baseado nisto que jogo no lixo o meu orgulho para ousar naquilo que não é novidade, todavia se mostra como uma necessidade.



Devemos aplicar as provas no nível cursado pelo aluno sem temer reprovação. O nosso alvo não é a nota. Isto só é o começo... Quando corrigirmos as provas, anotemos os erros. Ao entregarmos as provas com as baixas notas, devemos chamar os alunos, individualmente, guiá-lo na compreensão do erro e mostrar como alcançar o acerto. E para finalizar mandamos fazer a mesma prova ou outra semelhante. Os acertos serão maior e o aprendizado irá enriquecer o aluno para as outras provas que promoveram uma aprendizagem sem stress. Será uma forma de recuperação contínua.



Usei esta forma de trabalhar quando lecionei Língua Portuguesa. Apliquei uma prova que foi uma redação. Estimo que uns 40% dos alunos precisaram da orientação para refazer as redações e quase 100% deram um retorno positivo. Apenas dois não conseguiram avançar muito. Com certeza estavam precisando uma ajuda maior.



O aprendizado levou os alunos a melhorarem bastante as redações posteriores. Todos os alunos sabiam sobre cada ponto a ser avaliados e receberam uma tabela para acompanhar o trabalho de avaliação do professor e para se auto-avaliarem.



Desta forma a provas deixaram de ser um stress para ser um instrumento de ensino-aprendizagem. Dar muito trabalho, mas vale apena. Entendo que liderar é uma conquista e ensinar é compartilhar.