terça-feira, 9 de outubro de 2018

ORTHOS, Um Planetas Sem Nomes (Substantivos)

Marcio Gil de Almeida
Pedagogo e Teólogo

Conta-se  que havia um planeta   chamado Orthos.  Era um planeta sem graça, perplexo, com dificuldade de comunicação, um mundo confuso, um mundo quase mudo e um mundo sem Nomes.

No planeta Orthos havia uma lei que não podia haver criatividade para não destruir  o que já existia. Era um planeta sem nomes ou seja sem Substantivos. Quando uma pessoa queria  se referir a algum objeto, ou a uma pessoa  ou a um  ser,  apenas usava-se o queixo ou  um dedo para tal e tudo isto  era um verdadeiro atraso de vida.  Durante séculos foi assim... Até que três palavras se reuniram para conversar sobre o assunto, as quais foram: Sensatez, Inteligência e Estratégia. Elas travaram um diálogo revolucionário.
- Precisamos de algo mais substancial, algo que promova consistência, disse a palavra Sensatez.
- Não apenas isso, mas, também, algo que seja um referencial, claro, que se conheça o seu funcionamento, que seja oportuno e executável. Acrescentou a palavra Estratégia
-Ainda mais, que seja algo compreensível, que nomeie todas as coisas e seres. Entendo que podemos chamá-los de Substantivos, ou seja, os Nomes. Concluiu a palavra Inteligência.
Estas palavras conseguiram convocar uma grande Assembleia Extraordinária dos habitantes do planeta Orthos. Os habitantes decidiram derrubar a lei anticriatividade e aprovaram várias mudanças inéditas. Decidiram que deveria reconhecer os nomes já existentes, que ainda estavam como clandestinas. Também, criaram novos nomes ou deixaram que os Nomes simplesmente surgissem espontaneamente conforme o seu contexto de época, local ou povo.
Na grande Assembleia a palavra Normas  alçou  a sua voz e disse:
-Senhoras, vejo que devemos usar de estratégia e nos organizarmos. Indico que reconheçamos a nossa Constituição Planetária, conhecida como Gramática, que já estão presentes os Artigos e incluamos os Substantivos. Reconheçamos que na nossa sociedade, os indivíduos são as letras, as famílias são as frases e as orações, as tribos são os textos  e as nações são os Livros. Nisto tudo não faltará Nomes incontáveis a nos maravilhar.
Ela foi aplaudida com entusiasmo contagiante e a fantástica palavra Estratégia acrescentou:
-Amigas, vamos formar classificações de Nomes diferentes. Sugiro que elas estejam paralelas e que todavia, seja diferentes ou até mesma opostas.
A Assembleia concordou e designou três palavras para organizarem o Sistema do Substantivo. Desta forma ficou assim:

Colocaram os primeiros Substantivos, muito antigos, como Primitivos e aquelas novas palavras, filhas das referidas, que surgiram ou surgirão como Derivadas. Esta foi a contribuição da palavra Sugestão.
- Baseado no que compreendi, notei que havia nomes que pareciam dependentes, pois só existiam na dependência dos outros, que eram os Abstratos. Era o caso da palavra “felicidade”. Os nomes Abstratos estão ligados aos Concretos, que existiam e existem por si só, como a palavra “João”.  Assim foi o dito da palavra Entendimento.
- Observei a presença de nomes que eram usados de forma genéricas, sem especificar  algo e que a estes, os chamei de  Comuns. Quantos aos Nomes que tinham os seus donos, os classifiquei de Próprios, como foram os casos de lugares, pessoas, empresas e até animais domésticos. Contribuiu a palavra Denominação.
As palavras Sugestão, Entendimento e Denominação introduziram os Substantivos Simples, Compostos e Coletivos na Gramática. Elas se negaram a revelar o que são estes e disseram que apenas aqueles que possuem o espírito de excelência conseguem consultar a incrível Gramática e receberiam o poder deste conhecimento.

O planeta Orthos mudou por completo e descobriram que os substantivos estão em todos os lugares. 

Não há algo sem Nome, não há Nome sem algo, não há  mundo sem Substantivo e feliz é aquele que tem um NOME.