quinta-feira, 20 de maio de 2021

A Complicada Profissão de Professor: 3 000 Professores desistem da profissão por ano, numa única rede estadual no Brasil.

                 


OBSERVAÇÃO: Este texto leva em conta a realidade que os professores estavam sujeitos antes da pandemia. Sendo que certas situações continuam a existirem no modelo remoto de educação e outras não, pois não há aulas presenciais.  Este é um momento que os professores continuam a trabalharem, mas na ausência do contato físico ocorre, um desgaste  é menor.

Professores de Ensino Fundamental, em geral, ganham pouco e em certos Estados, os professores de Ensino Médio, ganham pouco, também. Estão sujeitos às ameaças e às agressões verbais e/ou físicas de alunos e até de pais. Devido ao ambiente que pode ser ameaçador e à falta adequada nas condições de trabalho, professores são afastados da sala de aula para exercerem outras funções ou até mesmo serem afastados do trabalho de forma definitiva por falta de saúde psicológica ou física. No Brasil, já ocorreram assassinados de professores... Tanto em Itapetinga, quanto em Eunápolis, ambos municípios pertencentes ao Estado da Bahia, já ocorreram agressões físicas contra professoras.


Os professores andam continuamente esgotados pela sobrecarga de trabalho, tensão, perigo de violência, frustrados por um salário injusto, por falta de um Plano de Carreira ou que não é posto em prática. Conta com salas de aulas super lotadas e com muitas escolas sem a devida estrutura. Há escolas que podem estar em lugares perigosos e que não há segurança para os professores dentro e fora das suas instalações. E quando se aposentam, em boa parte dos município, os seus salários são reduzidos em torno de 40%.


Apenas no Estado de São Paulo, entre 2008 e 2012, segundo a Revista Exame, ocorreram uma perda, numa média anual, de 3000 mil professores na rede do estadual, que pediram exoneração por salários baixos, pouca perspectiva e más condições de trabalho. Na capital paulista, na rede municipal, ocorreu uma média de pedido de exonerações de 782 professores desde 2008 até 2013.


Ser professor não é fácil e cada vez é menor o número de interessados à exercerem esta profissão. A realidade é dura e há muitos que querem resolver a situação afirmando que ser professor é um dom e que devemos fazer tudo por amor. Isto não é bom... Veja se os engenheiros, os médicos, os advogados, ou outros quaisquer, anda com este tipo de discurso? Acredito que não... O que precisamos é que sejamos:


-respeitados,
-recebamos salários dignos,
-tenhamos segurança no trabalho,
-tenhamos os recursos pedagógicos nas escolas,
-tenhamos a quantidade adequada de alunos nas salas de aula,
-que tenhamos um ambiente saudável em sala de aula,
-que tenhamos professores auxiliares até o 3º ano do Ensino Fundamental,
-que acabem com a cultura abusiva nas escolas de constrangerem professores a tirarem porções dos seus salários para investirem nas programações escolares,
-que tenhamos um plano de carreira justo e colocado em prática pela administração,
-que tenhamos menos burocracia e mais praticidade nos atendimentos dos direitos dos professores,
-que haja leis municipais, ou estaduais, ou ainda federais que tratem  de alunos violentos e indisciplinados,
-que não joguem nas costas do professores como único culpado pela má aprendizagem e pela indisciplina de alunos,
-que as Secretarias de Educação tenham projetos contra a indisciplina escolar que foquem, principalmente, nos alunos e menos nos professores,
-que as Secretarias de Educação venham combaterem projetos educacionais que só fazem os professores perderem o seu tempo e ficarem sobrecarregados e os mesmos interromperem as suas aulas normais;
-que as Secretarias de Educação, ao elaborem programas, projetos ou planos milagrosos para revolucionarem a educação, que os professores sejam ouvidos. Pois, temos percebidos que já  ocorreram cobranças severas no passado, que boa parte dos  professores já tinham percebidos que os resultados seriam inexpressivos e todos iriam obedecer apenas para fazer de conta que tudo iria dar certo... Na maioria das vezes, os professores sabem quando tudo vai dar certo ou quando tudo vai dar em nada. Seria bom, prestarem atenção nas opiniões dos professores, pois são os professores que estão no chão da sala de aula e menos às opiniões dos "especialistas" etc.


Marcio Gil de Almeida